domingo, 26 de julho de 2009

cronicas de um quase personagem - dias cinzentos

Era nos dias cinzentos que ele percebia o mundo de verdade. Achava bonito fumaça saindo da conversa, já pensou até em fotografar só a fumaças e criar diálogos com elas, mas o inverno o fazia pensar demais, então ele anotava tudo para um dia realizar. Vermelhos, verdes, amarelos ganhavam mais sentido pra ele, o cinza era perfeito pra isso, mesmo porque cinza é um pouco de preto e um pouco de branco, um pouco de cada lado, um pouco de cada sentimento, não muito feliz, não muito triste, um pouco de tudo porque assim achava que era a vida. Era nestes dias cinzentos que sua casa o desafiava. Pedia carinho a cozinha, o quarto que morriam de inveja da sala de estar, sempre arrumadinha. Então arrumava também o quarto e cozinhava só pra ele, fazendo bastante bagunça. Colocava música gostosa de ouvir e via na janela uma luz gostosa de olhar. Andava na rua e percebia as pessoas mais íntimas com elas mesmas e isto trazia alegria pra ele. Foi em um destes passeios que o céu abriu e uma luz quente e amarelada cobriu tudo, viu o sorriso surgir nos rostos, os olhos serrarem, ficou feliz também e achou tudo, pelo menos por um instante, perfeito.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

crônicas de um quase personagem - 01

Na festa, ele queria estar ao lado dela, mas ela estava longe, em país estrangeiro ao lado de quem não devia estar, de quem a não merecia, de quem não pode fazer por ela o que só o solitário da festa podia. Ele a compreendia sem falar uma palavra, estes momentos de silêncio que compartilharam juntos se transportaram para esta festa. Não se ouviu mais barulho, música, copos...nada. Dava quase para ouvir suas pulseiras que sempre faziam o mesmo barulho quando mexia seus cabelos e só muito mais tarde ele descobriu que o movimento que achava tão bonito, fazia parte do processo dela de decisão. Decisão esta que não agradou ninguém, nem ela, nem ele e nem o que não a merece. A festa não importava mais, ficou sem sentido. Pessoas trocaram risos que pareciam lingua estrangeira não conhecida para ele. Foi para a varanda renovar o ar carregado de conversa. Ficou lá um tempo, imóvel. Não tinha choro nem lágrimas, apenas aceitação, o que já era uma grande vitória naquela altura do campeonato. Mas encontrou nesta mesma varanda um olhar cúmplice que se mostrou com compaixão e do jeito que ele mais gostava, sem falar uma palavra. Foi embora e levou com ele o encontro e se sentiu abraçado, que era tudo que ele mais precisava naquele momento.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

acreditando (nova versão)

Acredito nas coisas boas, pessoas boas, boa hora, boa companhia e boa noite.

prisões involuntárias

Hoje na fila de Policia Federal esperando o passaporte, um marido no celular, a mãe preenchendo milhares de papéis afoita para que tudo desse certo, e seus filhos no colo da babá, que os beijava e dava carinho...

segunda-feira, 6 de julho de 2009

dói

Quando a cabeça está trabalhando e o coração com saudades dos amigos. Mas quero dar boas notícias a eles e celebrarmos mais uma vez, em grande estilo, como sempre.

apego

Os budistas não aprovariam este post. Mas tenho medo de perder uma amiga. Não de perdê-la, isso nunca, é destas amizades que entraram no coração da certeza. Mas tem um tal de mundo que a chama, e ela que é bem safada, está dizendo sim pra ele. Ela está feliz e isso me deixa feliz também, porque a amo, mas tenho este medo, que se mostra humano quando sinto a lágrima no rosto.

espelho

Agora entendi as rugas. Toda história precisa de linhas para serem registradas.

assuntos de morte, receitas de vida

Fase louca, que tão louca torna-se sã. Conviver com morte e nascimentos. As mortes que vão de reais a simbólicas, percorrem todas as áreas do cérebro, vão pra memória e são ativadas, morrem sem morrer qualquer neurônio, os mesmos neurônios que recebem súbito apelo de vida, de nascimentos, de esperança. Um conforto que nasce da morte de um incômodo. Pode ser assim, talvez comece aqui a lição número um.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

100% video

Olhar perdido na locadora, focou na capa de um dvd onde se lia "Quando coisas ruins acontecem a pessoas boas". Não deviam ter feito esse filme...

Agora

Um filme ruim na tv
um cachorro gostoso deitado no colo
uma lembrança boa de carinho
um medo que tenta ser amigo
a coragem está dormindo, precisa descansar...