domingo, 26 de julho de 2009

cronicas de um quase personagem - dias cinzentos

Era nos dias cinzentos que ele percebia o mundo de verdade. Achava bonito fumaça saindo da conversa, já pensou até em fotografar só a fumaças e criar diálogos com elas, mas o inverno o fazia pensar demais, então ele anotava tudo para um dia realizar. Vermelhos, verdes, amarelos ganhavam mais sentido pra ele, o cinza era perfeito pra isso, mesmo porque cinza é um pouco de preto e um pouco de branco, um pouco de cada lado, um pouco de cada sentimento, não muito feliz, não muito triste, um pouco de tudo porque assim achava que era a vida. Era nestes dias cinzentos que sua casa o desafiava. Pedia carinho a cozinha, o quarto que morriam de inveja da sala de estar, sempre arrumadinha. Então arrumava também o quarto e cozinhava só pra ele, fazendo bastante bagunça. Colocava música gostosa de ouvir e via na janela uma luz gostosa de olhar. Andava na rua e percebia as pessoas mais íntimas com elas mesmas e isto trazia alegria pra ele. Foi em um destes passeios que o céu abriu e uma luz quente e amarelada cobriu tudo, viu o sorriso surgir nos rostos, os olhos serrarem, ficou feliz também e achou tudo, pelo menos por um instante, perfeito.

Um comentário:

Paloma de Montserrat disse...

Não sei o que dizer sobre dias cinzentos. Sei dizer que eles incomodam as pessoas. Todas.